sábado, 22 de junho de 2019

ESTÓRIA DA CAROCHINHA

Adelaide é casada com Francisco.
Adelaide, por acaso, acessou o WhatsApp do marido.
Lá, encontrou uma conversa dele com uma tal de Tamires, que ela não sabe quem é.
Nessa conversa, não dá pra entender muita coisa, pois várias frases são intercaladas por “mensagens apagadas". Num desses trechos, observa-se:

Francisco: Olha, vou escrever isso porque não aguento mais! Mas você apaga, viu?
Tamires: Certo, querido. Vou apagar.
Francisco: (mensagem apagada)
Tamires: Oouunnn que lindo!!! 😍😍
Tamires: (mensagem apagada)
Francisco: (mensagem apagada)
Tamires: (mensagem apagada)

Adelaide achou estranho. Na primeira oportunidade, foi perguntar a Francisco quem era Tamires. Francisco, macaco velho, sabendo que Adelaide é defensora de Moro, não perdeu tempo:

- Tamires? Sei não.
- Claro que sabe! Você conversa com ela!
- Converso? Onde?
- Aí, no seu WhatsApp.
- Ah... Sim. É verdade. Esqueci de apagar.
- Apagar mais? Pra que apagar? Está escondendo o quê?
- Nada. Apagar é normal. Todo mundo apaga.
- Normal??? Ela te chamou de “querido”!
- É, normal. Mas pode ter sido um hacker.
- Hacker? Que conversa é essa, Francisco?
- Hacker. Tá cheio. Não lembro dessa conversa, então não existiu, foi o hacker. Mas o que o hacker escreveu não tem nada demais. E eu apaguei porque é normal. Ou então o hacker apagou... Quem sabe?
- Poxa, meu amor... É verdade. Você me desculpa? Eu não deveria ter te incomodado... Estou cansada. Esses criminosos são tão irresponsáveis... Por favor, me desculpa...
- Perdoo, mas não esquecerei! É um absurdo essa sua desconfiança! Um cidadão de bem como eu não merece passar por isso...

É, Sérgio Moro... Realmente você mudou o Brasil... Kkkkkk #somosotários





(publicado originalmente no Facebook às 13h35 de 21 de junho de 2019)

quinta-feira, 2 de maio de 2019

do Facebook


“(...) Homens, vocês não sentem vergonha por ser impossível confiar em vocês com uma criança?
A quem tem filhos: vocês são muito otimistas em relação à humanidade ou vocês não pensam nessas coisas?”


Bom, como sinalizei, é um assunto denso. E isso na comunicação escrita nem sempre é fácil de abordar. Mas tentei fazer uma síntese do que penso.

A primeira coisa: em se tratando de um homem desconhecido (já que se reportou a “homens”), entendo que é mesmo impossível confiar. Diante de tantas barbaridades, quem pagaria pra ver? Eu também opto pela desconfiança sempre.
Nesses casos, não sinto vergonha, visto que não se trata de algo direcionado a mim, especificamente. Por esse mesmo motivo, também não me ofendo se alguém tomar essas precauções quando a “suposta ameaça” sou eu. Há um desconforto, sim, como acontece com todo pré-julgamento. Eu lamento que seja assim, mas não sinto vergonha por isso.

Por outro lado, se o cenário for uma criança conhecida, com pais conhecidos (por vezes familiares), ser considerado ameaça já desperta vergonha, ainda que não tenha dado motivo para a desconfiança, como também foi no primeiro caso. Com pessoas conhecidas, fica mais fácil se sentir ofendido, inclusive. Neste segundo contexto, é possível confiar em homens cuidando das crianças. Tanto é possível, que a maior parte dos casos de violência sexual envolve familiares.
Quando lembro disso, deixo de me sentir ofendido e dou razão aos pais ou responsáveis: desconfiar sempre.

Já pra quem tem filhos, acho que se preocupam e pensam sobre isso. Eu que tenho apenas afilhada e sobrinhas, tenho medo, imagina com filhas/os. Entretanto, estão longe se serem otimistas; apenas assumem a responsabilidade de gerenciamento do risco, muitas vezes tratando todos como ameaças.