quinta-feira, 2 de maio de 2019

do Facebook


“(...) Homens, vocês não sentem vergonha por ser impossível confiar em vocês com uma criança?
A quem tem filhos: vocês são muito otimistas em relação à humanidade ou vocês não pensam nessas coisas?”


Bom, como sinalizei, é um assunto denso. E isso na comunicação escrita nem sempre é fácil de abordar. Mas tentei fazer uma síntese do que penso.

A primeira coisa: em se tratando de um homem desconhecido (já que se reportou a “homens”), entendo que é mesmo impossível confiar. Diante de tantas barbaridades, quem pagaria pra ver? Eu também opto pela desconfiança sempre.
Nesses casos, não sinto vergonha, visto que não se trata de algo direcionado a mim, especificamente. Por esse mesmo motivo, também não me ofendo se alguém tomar essas precauções quando a “suposta ameaça” sou eu. Há um desconforto, sim, como acontece com todo pré-julgamento. Eu lamento que seja assim, mas não sinto vergonha por isso.

Por outro lado, se o cenário for uma criança conhecida, com pais conhecidos (por vezes familiares), ser considerado ameaça já desperta vergonha, ainda que não tenha dado motivo para a desconfiança, como também foi no primeiro caso. Com pessoas conhecidas, fica mais fácil se sentir ofendido, inclusive. Neste segundo contexto, é possível confiar em homens cuidando das crianças. Tanto é possível, que a maior parte dos casos de violência sexual envolve familiares.
Quando lembro disso, deixo de me sentir ofendido e dou razão aos pais ou responsáveis: desconfiar sempre.

Já pra quem tem filhos, acho que se preocupam e pensam sobre isso. Eu que tenho apenas afilhada e sobrinhas, tenho medo, imagina com filhas/os. Entretanto, estão longe se serem otimistas; apenas assumem a responsabilidade de gerenciamento do risco, muitas vezes tratando todos como ameaças.